Wednesday, December 29, 2010
Tuesday, December 28, 2010
Isto aqui é um encontro. Uma procura. Palavras em direção ao vento. Como flechas, elas vão de um lado a outro, atravessando o ar. Até se desfazerem. Até se transformarem em alguma coisa. Ou coisa alguma. Esse é o momento e já deixou de ser. Era o instante e o lugar do imprevisto. E já não sobra nada. Mas continuamos. Por que? Porque sim. Simples assim. A razão disto aqui é isto mesmo. Nada mais. Nada até que se prove o contrário. E em letras as palavras continuam. Porque isto é um encontro, uma procura. Uma busca de si mesmo. Sim. Porque o veneno é a cura. É a solidão que salva. Precisa-se dela. Como das vacinas. Sem grito nem lágrimas. E ainda que continue, e continua, ignoro a razão, a direção e o sentido. E vou. E sou. E já nem sou nem sei se serei. É possível que amanhã seja diferente. Acordar para ver. Desacreditar para ver melhor. Fechar os olhos e ouvir. Calar. Mas não. Tudo é muito, demais. Imensamente infinito. E não pára. Parece que vai para frente e recua. De um lado a outro e voltando. Um zigue-zague imperfeito. Uma confusão que é só minha. Por sua causa, só por você. Tinha que ser assim. E vai. Vai, vai vai. Ainda que nem tão longe, foi e se perdeu. Se perdeu de si. Sim. Mas continua. E não entende, e já não há mais ponto de retorno. Em passos desdobra o caminho. Olha `a volta, reconhece o que parece sempre ter estado ali. Mas não, disto já não sabemos. E continua. Estala os dedos, faz escolhas ao azar. É, acredita no azar, acha que é uma boa companhia. Certas letras desaparecem para outras aparecerem. E resiste, mesmo sem saber. Sobrevive. É, pulsando. Estala os dedos das mãos, calça os sapatos e caminha. Desta vez vai longe. Em círculos, cada vez maiores. Sem saber que a distância apenas justifica o retorno. Esquece de si. Depois se lembra, mas já não é o mesmo, e nunca seria. Mas isto nada importa. O que importa é que continua. Ainda que mudo, ainda que atordoado, perdido, sem se reconhecer, resiste. Resiste se transformando. É, não podia ser diferente. E fala uma língua que ninguém entende. Quando fala. Virulento, truculento, tremendo. Balbucia coisas horríveis, para o vento. É, parece que agora fala sozinho. Uma conversa infinita, entre perguntas sem respostas e descobertas insignificantes. Trata-se do rei nú, sorrindo. E sabe que está nú, e sabe também que sua coroa é de cortiça. Mas neste reinado manda ele. E pede um cavalo, quer mais. Quer ir e não voltar. Porque ele já entendeu que existem palavras que não existem: voltar, retornar, permanecer, entre tantas outras. `As vezes tem medo, mas gosta. Essa deliciosa vertigem. Haha, um rinoceronte que fala. Bicho que fala para si mesmo, e gosta, e continua, e resiste e não volta, vai, mais além, ainda mais. Se desfazendo. Se despedaçando. Deixando para trás aquilo que já não pode mais ser. Viver é muito perigoso. Sim.
Monday, December 06, 2010
Thursday, October 28, 2010
O Outro do Outro : Turnê!
21/10 Sala Trono – Tarragona, Espanha
27/10 Bienal Internacional do Ceará/De Par em Par – Fortaleza, Brasil
28/10 Festival Internacional de Dança do Recife – Recife, Brasil
06/11 Novembro da Dança – João Pessoa, Brasil
14/11 Festival Diagnóstico – Goiânia, Brasil
8/11 – 12/11 Workshop – João Pessoa, Brasil
Tuesday, October 05, 2010
Thursday, September 09, 2010
Friday, August 27, 2010
Saturday, August 14, 2010
Friday, August 13, 2010
Saturday, August 07, 2010
Sunday, August 01, 2010
Saturday, July 31, 2010
Tuesday, July 27, 2010
isto é um poema.
isto é uma frase.
isto são palavras.
isto são letras.
isto são signos, sinais, indícios.
isto são restos, pedaços, traços.
Linhas.
Pontos.
Bytes, bits, pixels.
Isto é a realidade.
Isto é um vazio vazio.
sui generis
realidade nenhuma
isto é a ficção.
um feitiço faiscando.
Isto é o possível
E o impossível
Isto é a oferta e a procura
os dentes, a mordida
Isto é o dardo
o vulcão, o terremoto, a avalanche
o salto, a queda, o vôo
a alegria, o esquecimento.
é carnaval no inferno.
O que fomos e o que seremos.
AGORA.
URRA!
Do be do be do
Pumpt plampt
ARRE!
Tengo lengo tengo, liro liro lu
Wop bap lob bap lu bap bem bum
BUUUUUUUUUUUUUUUUM
FOM FOM!
Shhhhhh
GRUHH
zlAPT, zUt
MMM
L R T
S
Ø
Æ
¾
Ψ
Σ
.
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isto são palavras.
isto são letras.
isto são signos, sinais, indícios.
isto são restos, pedaços, traços.
Linhas.
Pontos.
Bytes, bits, pixels.
Isto é a realidade.
Isto é um vazio vazio.
sui generis
realidade nenhuma
isto é a ficção.
um feitiço faiscando.
Isto é o possível
E o impossível
Isto é a oferta e a procura
os dentes, a mordida
Isto é o dardo
o vulcão, o terremoto, a avalanche
o salto, a queda, o vôo
a alegria, o esquecimento.
é carnaval no inferno.
O que fomos e o que seremos.
AGORA.
URRA!
Do be do be do
Pumpt plampt
ARRE!
Tengo lengo tengo, liro liro lu
Wop bap lob bap lu bap bem bum
BUUUUUUUUUUUUUUUUM
FOM FOM!
Shhhhhh
GRUHH
zlAPT, zUt
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Thursday, July 15, 2010
Sunday, July 11, 2010
Wednesday, June 30, 2010
i hope to get to know u
De: Natu (grahamaxford@pjlivesey.co.uk)
Enviada: terça-feira, 29 de junho de 2010 18:04:17
Para: joaolima80@hotmail.com
Good day, my friend!
True love brings up everything – you are allowing a mirror to be held up to you daily www.love-is-hunt.com/
I am reasonably intelligent, driven, thoughtful, funny, honest and decent individual most of the time. I work hard and I’ve being described as a workaholic sometimes. Although I’m trying to balance everything little more these days. When I have free time I prefer to read an interesting book, to watch documentaries, to know something new, I am fond of dancing and having cheerful time with my friends. I am a very sociable person and that’s why I like to meet new people. In summer I like to go to the beach and sunbathe. I like the sun and warm gentle air. I am fond of visiting beauty salons and I like to take care of my beauty. I am not a dull person and that‘s why I have many friends. I like to find new ideas to make the evening unforgettable. Hopeful I can meet some special person I can spend my life with. I appreciate honesty, sincerity and an easy going nature.
Nataly
Enviada: terça-feira, 29 de junho de 2010 18:04:17
Para: joaolima80@hotmail.com
Good day, my friend!
True love brings up everything – you are allowing a mirror to be held up to you daily www.love-is-hunt.com/
I am reasonably intelligent, driven, thoughtful, funny, honest and decent individual most of the time. I work hard and I’ve being described as a workaholic sometimes. Although I’m trying to balance everything little more these days. When I have free time I prefer to read an interesting book, to watch documentaries, to know something new, I am fond of dancing and having cheerful time with my friends. I am a very sociable person and that’s why I like to meet new people. In summer I like to go to the beach and sunbathe. I like the sun and warm gentle air. I am fond of visiting beauty salons and I like to take care of my beauty. I am not a dull person and that‘s why I have many friends. I like to find new ideas to make the evening unforgettable. Hopeful I can meet some special person I can spend my life with. I appreciate honesty, sincerity and an easy going nature.
Nataly
Saturday, June 19, 2010
"It´s like a movement without the bother of the meaning"
Ao se apresentar como festival de “música avançada e arte multimídia” (slogan para embalar este produto de adoração pop), o Sónar se situa no mercado como um marco do que seria “o desenvolvido, o moderno e o progressista”, destinado a atender a sede de novidade e prazer de uma geração pós-mtv guapa y moderna com pedigree europeu. A festa foi intensa. Neste baile consumidores foram consumidos. E agora, ao voltar desta selva-futura-idealizada para o nosso “mundo terreno”, a sensação é de um vazio intenso. Vazio ideológico? What??? Contracultura? Nada! Aqui tudo é a favor, sim, MORE IS MORE! THE SHOW MUST GO ON! ENJOY YOURSELF!
Abrindo a noite, Air tocou músicas de seu último disco alternadas com sucessos mais antigos. Não faltaram Sexy Boy, Kelly watch the stars, entre outras. A sensação era de falta de sal, ou pimenta. Diante do minimalismo no palco, tudo se ouvia com perfeição, cada nota, cada textura, no entanto, o volume era baixo. Mesmo assim, pouco a pouco a psicodelia contemplativa alcançava níveis mais e mais intensos. Ao fim, a viagem valeu à pena.
Em um palco ao lado, Hot Chip me surpreendeu com sua capacidade para fazer dançar à pura vibração positiva.
Máquina envenenada de combinação rock-funk-eletrônica, LCD Soundsystem foi uma porrada! Groove, muito groove, aliado a uma potente descarga de energia, uma força oscilante entre o festejar tudo e o protestar alguma coisa. Dançar até se acabar. Com direito a roda de pogo e tudo mais. Baile furioso. James Murphy é crooner de sangue quente. Anos luz de qualquer cd seu, LCD fez lembrar que música é experiência viva. POW! POW! POW!
Daí em diante a noite seguiu sem parar, “avançando pra cima”. A figura do DJ xamã. Alguém que aperta botões diante de uma multidão indefinida, circulando, combinando vibrações, energias, ressonâncias. Tudo muito básico com tecnologia e efeitos elevados ao cubo. No fundo as operações se resumem a aumentar, acelerar, variar, repetir, cortar, sempre para cima. Too Many Dj´s representou o auge deste espetáculo. Vestidos de smoking brancos, eles agenciaram os códigos da cultura clubber à exaustão, triturando referências disco, girando de citação (samples) em citação, em rotação sobre a própria música de baile. Sob um enorme globo espelhado, não era possível ficar parado.
Tudo muito. Câmeras, telões, a quantidade de estímulos e sua reprodução à exaustão. Espirais dos acontecimentos, incessante jogo de espelhos, parque de diversões insone. Muita, muita energia. Era carnaval. E nesta cinética desvairada, onde parar não é opção, uma pista de carros bate-bate é a melhor imagem: todos, sem nenhum objetivo ou sentido à vista, chocando-se uns aos outros, alegremente à deriva.
Sem darmos conta, fez-se dia.
Tuesday, June 15, 2010
Saturday, June 12, 2010
Mauricio Silva Astrobelo Produçôes apresenta mais um CALDO DE CANA VIRTUAL - Hoje conosco um Artista multi-Talentoso que fica dificil até de definiçâo.Direto de Barcelona o pernambucano=JOÂO LIMA☛♢●CALDO DE CANA VIRTUAL☛❒☚Apresenta JOÂO LIMA●♢☚
Mauricio Silva- ja que fica dificil pra mim definir realmente suas atividades vamos começar com esta pergunta: Quem é Joâo Lima?
João Lima- Sou ator, nasci em Recife. Trabalho entre o teatro, a dança, e às vezes em vídeo. Crio minhas peças, trabalho em colaboraçâo, dou aulas, procuro desenvolver possibilidades e gerar conhecimento. É isto, alguém que busca o movimento e que nao tem muitas respostas.
Mauricio Silva- Estou realizando um novo trabalho e tenho comigo um ajudante que foi-me enviado por uma entidade espiritual ainda desconhecida.Esta pessoa me transmite varias mensagens subliminares.Uma delas foi essa:"O Deus é um so mas tem lugares que o ser humano idolatra animais para dizer que o Deus é ele" (O surfista de Peixinhos). O "idolatra" é uma maxima utilizada por ele, quer dizer Idolo de lata.Bom a questâo é : Você acredita em Deus?
João Lima- Rapaz, deus nao existe não. Gosto de pensar na vida, nessa que temos a nossa volta, na natureza, nas pessoas. Acho que a troco de buscar sentido no mundo inventamos uma série de coisas sem sentido, uma série de coisas que nos tira o sentido, que nos rouba a liberdade e a responsabilidade. Deus morreu, agora só falta enterrar as religiões...
Mauricio Silva- Olha Joâo no dia 06 de junho eu tive uma experiência que posso te dizer mudou minha vida.Recebi dos céus uma missâo e estou agora cumprindo ela junto a você.Respeito enormemente sua opniâo e ao mesmo tempo sou oposto a ela.Pois acho que o amor esta em tudo que é bom e a vida é boa e existe uma oportunidade de se continuar tudo isso numa outra.Para mim se existe esta oportunidade estou dentro desta nave.Nâo acredito em religioôes!Acredito nos Orixas!Eu amo!E você tambem ama!Isso tudo é o bem e isso tudo é Deus.Mas se você nâo acredita em Deus o que me diria do Diabo?
João Lima -Ahhh, o diabo é fantástico! Assim como o amor, ele existe sim. É ele quem nos permite a curiosidade, colocar as coisas em risco. Todo o contrário do absoluto, é o princípio da dúvida, quer coisa mais bonita?
Mauricio Silva- A ceux qui ont compris que la vie passe aussi vite qu’un message virtuel, aujourd’hui c’est ce que l’art transmet ! Demain, dans un futur proche, il transmettra beaucoup plus ... Restez connectés ! Essayez de vous y intégrer ! Rien n’est utile dans cette vie, si on n’y trouve ni la vérité ni l’art. L’art comme volonté de faire, non pas comme un jugement de ce qu’il sera ou devra être. Je pars sur la lune et je vais y habiter ! Je pars dans mon sputnik, de la plage de Jequia ! Vive Jackson do Pandeiro, le meilleur des brésiliens ! Je vous aime !
Mauricio Silva - Coloquei este texto em frances preparando nossos leitores a uma outra questâo menos filosofica pois cito Jackson do Pandeiro um musico que admiro muito.Você como criador o que utiliza como música nas suas peças e o que você esta ouvindo neste momento?
João Lima -Viva Monsieur Jackson do Pandeiro! Neste exato momento tô ouvindo Funk Carioca, mas gosto de muita coisa diferente, velharias clássicas, música negra americana, jamaicana, etíope, nigeriana, brasileira, flamenco, jazz, fucked-up-music etc e tal... mas a verdade é que para minhas peças prefiro pensar o papel do som, antes de ir logo colocando música. O silêncio é importante e não acho imprescindível música nas peças. Em geral trabalho com músicos que vem aos ensaios, que acompanham o processo e que propoem texturas, sons concretos, ruídos, samples, às vezes melodias ou canções.
Mauricio Silva -Morando a seis anos aqui na Europa , sinto que minha obra tem ainda uma ligaçâo muito forte com a minha formaçâo e a tradiçâo do meu povo.Diria que até mais de que quando eu morava no Brasil.Você tem algumas influências ligadas ao Brasil,Quais sâo suas influências?
João Lima- a coincidência é que também estou a seis anos na Europa... e é claro que tenho enormes influências ligadas ao Brasil. Foi lá que aprendi a andar, a falar, foi lá que estudei, que tive a primeira namorada, e as segundas... Me sinto muito ligado às questões brasileiras, ao desenvolvimento da nossa história. Agora, não sinto necessidade de evocar sempre que sou brasileiro, ou pernambucano, não gosto de bandeiras. Procuro viver essas questões de forma nômade, antropofagicamente, livre para devorar uma boa conversa, um passeio em Casa Amarela, Lygia Clark, Rodolfo Mesquita, Cristina Machado, Maurício Castro, Marcelo Pedroso, Gabriel Mascaro, Guimarâes Rosa, Denise Stoklos, Marcela Levi, Lia Rodrigues, Vera Mantero, Juan Domingues, Christian Dergarabedian, Jerome Bell, Samuel Beckett, Antunes Filho, e Maurício Silva!
João Lima- ah, e claro, o nosso carnaval e a nossa violência... entre outras coisas.
Mauricio Silva- Entre todos os artistas que você citou um deles é o seu progenitor,por sinal um dos artistas que mais admiro no Brasil,o trabalho dele podemos classificar como universal,obra densa e particular cercada de referencias e citaçôes originais. Mas ao mesmo tempo ele nunca, e nem precisa,ousou utilizar a tecnologia ou qualquer coisa outra que nâo fosse o desenho e a pintura.Mesmo assim construiu e vem construindo uma das obras mais importantes da pintura brasileira.Como você vê esta posiçâo radical de se isolar da informatica e da possibilidade da arte numerica no Rodolfo Mesquita e em muitos outros artistas com um trabalho do mesmo nivel que ele como Samico,José Claudio,Jairo Arcoverde,Luciano Pinheiro e etc e etc e tal?
João Lima- Rodolfo é radical mesmo. De uma intensidade inspiradora. Trabalha muitas horas a fio, dia após dia dia, desenhando, pintando, lendo. E é muito desconfiado quanto ao nosso mundo consumista, cético quanto à necessidade de novidade do mercado. Ele tomou suas escolhas e vai fundo nelas. E o engraçado é que o trabalho dele nunca parou, surpreende sempre. Acho que tecnologia só serve mesmo como ferramenta, o resto é purpurina. Ele entendeu isso muito cedo, e já tem as ferramentas que precisa: papel e caneta.
Mauricio Silva- Caro amigo Joâo , muito legal tudo isso que fizemos.Te agradeço pelo tempo doado e finalizo com a pergunta Caldo de Cana Virtual.Tem que responder na hora!Nâo pense muito e me diga: Você ja foi picado por uma abelha morta?
João Lima- EU SOU UM SERIAL KILLER DE ABELHAS MORTAS!
Mauricio Silva ☛☛☛☛☛☛☛▲▼▲☚☚☚☚☚☚☚
Wednesday, June 09, 2010
Uma das funções da palavra é o registro. Para que tudo não se transforme em esquecimento, gravo aqui 3 fatos de violência banal ocorridos em Recife e São Paulo, no mesmo dia (24/05/2010).
Domingo, José Durval, 24 anos, vinha de ônibus de Olinda em direção à Zona Norte do Recife, estava com os joelhos encostados na cadeira da frente. O passageiro da frente se incomodou. Após discussão, José Durval foi baleado ali mesmo, morto horas depois em um hospital da cidade.
Noite, Joab Caetano, 24 anos, bar na Vila da Cohab, Cabo, onde morava. Um desconhecido lhe pediu cigarro. Joab negou por achar o pedido grosseiro. Os dois brigaram. Após a briga, Joab saiu do bar. Em seguida foi assassinado a tiros. Os assassinos levaram sua carteira de cigarros.
Sumaré, cidade do interior de São Paulo. Homem de 21 anos recusa fazer sexo com sua namorada. Em seguida é esfaqueado nas costas por ela.
Tuesday, June 08, 2010
Ευρώπη
Isso aqui é uma beleza. É mesmo. Tudo funciona. As pessoas vão e vem. Homens, mulheres, crianças, velhos, cachorros, todos bem alimentados. Os dentes sempre fortes e sadios. Todos muito seguros, nada de risco, nada de armas de fogo à vista. O caminho de volta não sai do lugar. Sempre lá, e todos bem livres para ir e vir. É isso. Céu azul, flores na janela. De vez em quando um passeio de bicicleta. É, aqui as pessoas se preocupam com o meio-ambiente e com ele inteiro. As pessoas aqui são educadas, inteligentes, críticas, politizadas, autônomas, informadas. ONG`s aos montes. Aqui as pessoas sabem para onde vão. Não resta lugar a dúvidas. Este é o lugar. O lugar onde não existe exceção. Ou quase. O quase-lugar onde a exceção quase não existe. O lugar que gentilmente ofereceu a exceção aos outros lugares. E nestes outros lugares há falta. Sim, nestes outros lugares há falta, ausência, fome, sede. Mas daqui, deste lugar, nos preocupamos por tudo, tentamos resolver todos os problemas do mundo. Reais e imaginários, tanto faz. Aqui se decide, é, aqui se escolhe o futuro. O futuro daqui e dos outros lugares. Aqui a preocupação com tudo e com todos é grande, tão grande que até nem se vêem os horizontes do mundo. Tudo começa aqui. E o que não se vê, o que não se sabe, se intui. Se dedica a maior atenção para resolver, da melhor forma, com estratégias bem desenvolvidas, tecnologia de ponta e leis humanitárias, transformando tudo na maior indiferença. É, tudo aqui é assim, normal. Sem surpresas nem sobressaltos. Normal, demais. A expectativa de vida é altíssima. Vemos velhos por todas as partes. Eles são sábios, já viveram de tudo. Viram guerras, ditaduras, democracias. Vemos eles andando, lentamente, com as compras debaixo dos braços. E também vemos crianças. Brincando, aprendendo, se preparando para virarem os futuros velhos. É, isso aqui é antigo, tem o peso do tempo, isto aqui, cheira a mofo.
Monday, June 07, 2010
pensar como quem atira um dardo na realidade. ou metendo o dedo na ferida. VIVA A CRISE! A CRISE VIVA! nada disso é em vão. e somos nós quem damos sentido à experiência, ao ato de estarmos juntos. fodam-se os aprioris, as palavras são nossas, assim como os nossos olhares. aqui estamos. vivos, porra!
Thursday, May 06, 2010
O Outro do Outro :: Próximas apresentações
13/05 – 21h30 Centre Cívic Barceloneta, Calle Conreria 1-9, Barcelona.
19/05 – 20hs Conexão Dança Contemporânea, Teatro Arthur Azevedo, São Luís, Maranhão.
Workshops:
21 e 22 de maio das 9hs às 12hs, Conexão Dança Contemporânea, Pulsar Cia. de Dança , São Luís, Maranhão.
Sunday, May 02, 2010
Monday, April 26, 2010
"Now's the time for all good men
to get together with one another.
We got to iron out our problems
and iron out our quarrels
and try to live as brothers.
And try to find a piece of land
without stepping on one another.
And do respect the women of the world.
Remember you all have mothers.
We got to make this land a better land
than the world in which we live.
And we got to help each man be a better man
with the kindness that we give.
I know we can make it.
I know darn well we can work it out.
Oh yes we can, I know we can can
Yes we can can, why can't we?
If we wanna get together we can work it out.
And we gotta take care of all the children,
the little children of the world.
'cause they're our strongest hope for the future,
the little bitty boys and girls.
We got to make this land a better land
than the world in which we live.
And we got to help each man be a better man
with the kindness that we give.
I know we can make it.
I know darn well we can work it out.
Oh yes we can, I know we can can
yes we can can, why can't we?
If we wanna, yes we can can."
Sunday, April 25, 2010
Tuesday, April 13, 2010
Basta. Já chega de ironia. Estou cansado. Vejo deja-vus por toda parte. Náusea de cultura pop, náusea de cultura pela cultura, náusea deste sem sentido transbordante. N`importe qu´oi. Às vezes penso que algumas pessoas são planas, que o mundo está parado, que tudo são linhas retas sem horizonte à vista________________________________ E é quando me lembro que tenho um deserto dentro de mim. E no fim o que nos resta são estes corpos, os nossos, distribuídos no espaço através do tempo. "É a vida", é o que dizem. E não podia ser diferente. Mas o fato (que não cansamos de esquecer) é que para estar vivo é preciso dar-se conta disso. É preciso viver. E aqui estamos, uma e outra vez. Incapazes de agir. Engolidos pelo vazio e pela eterna repetição. Pelos pequenos imensos caprichos. Pela desnecessidade transformada em fome. O estômago já não sabe mais dizer o que é alimento e o que é veneno. Tenho sede. Procuro novas águas. Procuro mergulhar e ser mergulhado. Tenho os ouvidos abertos. Procuro ouvir o sussurro. Um sussurro que seja um grito. Um grito que desapareça. Uma desparição que pareça uma dança. Uma dança que mate e faça viver. Um sussurro afiado de palavras que nada digam. Um som, uma voz, um eco que corte. Que me faça sangrar. Que me devolva a sensação de estar vivo. E assim eu devolvo tudo, tudo o que fui, o que sou e o que tive. Devolvo, sem ânimo de lucro. Ofereço meus pedaços aos carrapatos, vampiros e canibais. Me ofereço por inteiro. Esperando que não reste nada, rien, nothing. E daí vou sair para dias e noites, para um mundo sem planeta, um lugar que não exista, um buraco dentro de outro. E serei o que agora estas palavras escondem.
Wednesday, April 07, 2010
"Portanto pode-se dizer que quando, pela opressão e pela infelicidade, minha relação comigo mesmo se perde e se altera, fazendo de mim esse estranho e esse desconhecido de que me separa a distância infinita e fazendo de mim a própria separação infinita, a necessidade se torna a necessidade radical, sem satisfação, sem valor, que é a relação nua com a existência nua, mas se torna também a exigência impessoal que carrega sozinha o futuro, e o sentido, de todos os valores, ou, para falar com mais justeza, de todas as relações humanas. Pela necessidade passa o infinito que é o movimento do desejo. A necessidade é desejo e o desejo se confunde com necessidade. É como se, alimentando-se, não fosse a mim que eu alimentasse, mas sim acolhesse o Outro, hóspede não de mim, mas do desconhecido e do estranho"
Maurice Blanchot, A Conversa Infinita - Experiência Limite
Maurice Blanchot, A Conversa Infinita - Experiência Limite
Wednesday, March 31, 2010
Helena Katz - O Estado de S.Paulo
23 de março de 2010Nos últimos anos, uma preocupação sobre o que distinguiria uma pesquisa em dança de uma coreografia feita sem pesquisa começou a mobilizar, cada vez com mais frequência, as conversas nessa área. Sensível a esse cenário, o Programa Rumos Dança decidiu fazer dessa encrenca o seu foco e, corajosamente, propôs um edital para a exibição de processos de pesquisa e não dos espetáculos que deles resultam. A novidade mobilizou 504 inscrições de distintas regiões do Brasil. Desse total, uma comissão formada por Marcelo Evelyn (Teresina), Christine Greiner (São Paulo), Alejandro Ahmed (Florianópolis), Vera Sala (São Paulo) e Lia Rodrigues (Rio de Janeiro) selecionou 21 para serem apresentados em dez dias de progamação.
O principal saldo da inovação que caracterizou o seu décimo ano de existência foi ter dado visibilidade para o que já se intuía: ainda não está claro o que é processo de pesquisa em dança. A dificuldade em distinguir um processo de um produto final em fase de ensaio marcou a maior parte dos 21 projetos apresentados. Ora, se isso ocorre como um traço comum, há que se identificar o que produz tal situação e, depois, descobrir o que pode ser feito, daqui em diante. Discussões reunindo os participantes e a comissão de seleção, ocorridas durante algumas manhãs da intensa programação, colaboraram para que um pontapé inicial fosse dado na direção de um primeiro e indispensável ajustamento desses (des)entendimentos.
Não vale desanimar, ao contrário. Todos nós - público e artistas - viemos sendo treinados a encontrar/produzir somente espetáculos. Processos pedem habilidades cognitivas que ainda não desenvolvemos bem. Como se trata de preocupação recente, não poderiam mesmo existir respostas prontas. Sendo um processo, ele possivelmente estará em certo estágio de maturação, não coincidente com o de um outro processo. Como lidar com tais variáveis? Qual o papel que esse mostrar ocupa em relação ao que está sendo exibido? A quem interessa, de fato, essa atividade?
O Rumos Dança elegeu o blog como o espaço oficial e obrigatório de compartilhamento. Cada projeto selecionado precisou criar o seu blog e passar a tratá-lo como um registro público do seu processo, postando o que considerasse capaz de cumprir essa função. Cabe agora uma avaliação sobre a performance desses blogs em relação ao que se viu ao vivo nos três espaços escolhidos para as 21 apresentações: Teatro Coletivo, Centro Cultural São Paulo e a sede do Itaú Cultural. O que garante o blog? Vale refletir sobre a sua eficiência em duas pontas de atuação: na comunicação com o público e na produção da pesquisa.
A maioria mostrou coreografias um pouco mais e um pouco menos prontas. Mas os poucos que testaram outros modos de lidar com os materiais de dança deixaram claro que estavam implicados a promover uma mudança enorme. Que não se tratava somente de descobrir uma outra embalagem estética, mas sim, de questionar o que, de fato, determina quando uma obra de dança merece ser mostrada para uma plateia. O que está em jogo é uma nova relação de consumo com a dança, muito oportuna e instigante de ser questionada.
O único senão está na obrigatoriedade de escolher somente 4 dentre os 21, para terem a continuidade de sua pesquisa financiada pelo Itaú Cultural. Seria conveniente que essa exigência institucional fosse revista, na medida em que, em nome de ter produto para mostrar (sendo produto algo reduzido a um modelo convencional de espetáculo), estar sutilmente transformando o Rumos Dança em um concurso de processos de pesquisa, que tende a reduzir a importância do que está sendo proposto.
Há ainda um outro fato a ser destacado. O Rumos Dança convidou três trabalhos que já havia apresentado em 2001, 2003 e 2006 para abrir a sua edição 2010. E, mais uma vez, mostrou que está em sintonia fina com um outro assunto que, mais recentemente, vem surgindo na dança, e que diz respeito à reflexão a respeito das reencenações ? uma tendência que vem se fortalecendo internacionalmente. Reencenar é reapresentar, reler o que foi apresentado ou recriar? O que distingue uma coisa da outra? Qual o papel de cada uma dessas escolhas? Ou seja, com a riqueza do que reuniu, cumpriu bem o seu papel, pois deixou claro não nos faltam motivações para pensar sobre os rumos da dança no Brasil.
O principal saldo da inovação que caracterizou o seu décimo ano de existência foi ter dado visibilidade para o que já se intuía: ainda não está claro o que é processo de pesquisa em dança. A dificuldade em distinguir um processo de um produto final em fase de ensaio marcou a maior parte dos 21 projetos apresentados. Ora, se isso ocorre como um traço comum, há que se identificar o que produz tal situação e, depois, descobrir o que pode ser feito, daqui em diante. Discussões reunindo os participantes e a comissão de seleção, ocorridas durante algumas manhãs da intensa programação, colaboraram para que um pontapé inicial fosse dado na direção de um primeiro e indispensável ajustamento desses (des)entendimentos.
Não vale desanimar, ao contrário. Todos nós - público e artistas - viemos sendo treinados a encontrar/produzir somente espetáculos. Processos pedem habilidades cognitivas que ainda não desenvolvemos bem. Como se trata de preocupação recente, não poderiam mesmo existir respostas prontas. Sendo um processo, ele possivelmente estará em certo estágio de maturação, não coincidente com o de um outro processo. Como lidar com tais variáveis? Qual o papel que esse mostrar ocupa em relação ao que está sendo exibido? A quem interessa, de fato, essa atividade?
O Rumos Dança elegeu o blog como o espaço oficial e obrigatório de compartilhamento. Cada projeto selecionado precisou criar o seu blog e passar a tratá-lo como um registro público do seu processo, postando o que considerasse capaz de cumprir essa função. Cabe agora uma avaliação sobre a performance desses blogs em relação ao que se viu ao vivo nos três espaços escolhidos para as 21 apresentações: Teatro Coletivo, Centro Cultural São Paulo e a sede do Itaú Cultural. O que garante o blog? Vale refletir sobre a sua eficiência em duas pontas de atuação: na comunicação com o público e na produção da pesquisa.
A maioria mostrou coreografias um pouco mais e um pouco menos prontas. Mas os poucos que testaram outros modos de lidar com os materiais de dança deixaram claro que estavam implicados a promover uma mudança enorme. Que não se tratava somente de descobrir uma outra embalagem estética, mas sim, de questionar o que, de fato, determina quando uma obra de dança merece ser mostrada para uma plateia. O que está em jogo é uma nova relação de consumo com a dança, muito oportuna e instigante de ser questionada.
O único senão está na obrigatoriedade de escolher somente 4 dentre os 21, para terem a continuidade de sua pesquisa financiada pelo Itaú Cultural. Seria conveniente que essa exigência institucional fosse revista, na medida em que, em nome de ter produto para mostrar (sendo produto algo reduzido a um modelo convencional de espetáculo), estar sutilmente transformando o Rumos Dança em um concurso de processos de pesquisa, que tende a reduzir a importância do que está sendo proposto.
Há ainda um outro fato a ser destacado. O Rumos Dança convidou três trabalhos que já havia apresentado em 2001, 2003 e 2006 para abrir a sua edição 2010. E, mais uma vez, mostrou que está em sintonia fina com um outro assunto que, mais recentemente, vem surgindo na dança, e que diz respeito à reflexão a respeito das reencenações ? uma tendência que vem se fortalecendo internacionalmente. Reencenar é reapresentar, reler o que foi apresentado ou recriar? O que distingue uma coisa da outra? Qual o papel de cada uma dessas escolhas? Ou seja, com a riqueza do que reuniu, cumpriu bem o seu papel, pois deixou claro não nos faltam motivações para pensar sobre os rumos da dança no Brasil.
Tuesday, March 30, 2010
Monday, March 29, 2010
Monday, March 22, 2010
Teatro // João Lima quer saber quem somos nós
Bastaria a presença de uma única pessoa na plateia para o ator João Lima apresentar a performance O outro do outro. Na noite da última sexta-feira, o ator encontrou mais que isso no Teatro Hermilo Borba Filho para poder estabelecer um jogo com o público. Desenvolvido através do programa Itaú Rumos Dança, o espetáculo procura questionar o sentido de identidade ao explorar possibilidades que uma palavra dita no palco pode despertar.
Com iluminação chapada, sem mudança em relação à hora em que o público tem acesso ao teatro, Lima surge no palco como ele mesmo, vestido feito qualquer jovem em sua idade e se apresenta. Diz seu nome, profissão, relata lembranças de infância, descreve características físicas e cita fatos que podem ajudar a desvendar quem ele é, despejando sentimentos, números de RG, CPF, passaporte, conta bancária e senha.
Nesse momento, quando a hiperrealidade já parece encaminhada, a performance toma outro rumo. A iluminação e o figurino são os mesmos, mas agora o ator assume o papel do seu pai,da mãe, da namorada, de amigos, conhecidos, de um funcionário do teatro, do cantor Caetano Veloso. Assim, o ator mostra que, no palco, ele pode ser o quiser quando pronuncia o verbo ser na primeira pessoa.
Aos poucos, as palavras se aliam à expressão corporal do ator. Lima, então, simula variações de queda enquanto incorpora o World Trade Center, a Dow Jones, a maçã de Newton. Mas se as palavras bastam por si, os gestos se revelam abertos. A combinação do verbo permite que um mesmo movimento ganhe outros sentidos. Deitado no chão, ele pode ser um velho em coma ou uma criança observando o céu.
Seguro de que o público acompanha o raciocínio, Lima mais uma vez subverte o jogo. Ao imitar um lobo, ele não diz mais que é o bicho, mas um homem imitando o animal. E já sem explicações, surge um número de dança com movimentos de tai chi chuan e yoga. É o prenúncio do que vem depois, quando as luzes reacendem e dois microfones ficam à disposição para o público contar algo de si, gerando tensão entre os espectadores. Após muito silêncio e algumas confissões, sem mais palavras, o ator sai de cena. É o fim do espetáculo, as perguntas sobre quem é ele e quem somos nós, porém, continuam pulsando.
Friday, March 19, 2010
O outro do outro :: Única apresentação em Recife!
JORNAL DO COMMERCIO – CADERNO C
» ÚNICA APRESENTAÇÃO
Reflexões sobre a identidade
Publicado em 19.03.2010
A linguagem coreográfica, utilizada para refletir sobre a construção e a representação da identidade. Esta é a questão básica da performance que o bailarino João Costa Lima traz ao Recife, intitulada O outro do outro. A apresentação única na cidade acontece hoje, às 21h, no Teatro Hermilo Borba Filho (Rua do Apolo, 121, Bairro do Recife. Fone: 3232-2030). Os ingressos custam R$ 10 e R$ 5.
O outro do outro pode ser você mesmo ou uma terceira pessoa. Estas são apenas duas leituras diretas do título, que permitem extrair algumas camadas do solo: A visão que cada um tem de si, a que os outros constroem e como o encontro disto tudo influencia na formação da identidade, por exemplo. “Uma certa visão de homem plural”, resume João Costa Lima. O projeto buscava propor mecanismos de leitura e de composição da realidade/ficção.
Segundo João Costa Lima, por mais abstratos que estes temas possam parecer, o tratamento na obra é direto. “Antes de propor respostas, que não tenho, proponho algo para relativizar a ideia de identidade. Não existe uma só história”, acrescenta o artista, que escolheu trabalhar com o mínimo de meios (sem cenografia ou figurinos complexos).
Durante o processo de pesquisa, João Costa Lima fez algumas entrevistas. “Lancei questões que estavam mexendo comigo para diversos coreógrafos que conheci. Eles têm diferentes trajetórias, maneiras de pensar o corpo. As repostas deles mexeram com as minhas próprias formulações, minha maneira de pensar a cena”, afirma o bailarino. O público pode ter acesso às entrevistas, e outras informações sobre este processo criativo, no blog www.outrodoutro.wordpress.com.
O projeto O outro do outro foi aprovada no Rumos Itaú Cultural Dança (2009-2010). Após um ensaio aberto em Barcelona, onde mora o bailarino, o solo estreou na Mostra de Processos Rumos Dança, no último dia 10 de março, em São Paulo. “Esta a obra, por mais definida que esteja, está em processo. Quero transitar com este trabalho pelo Brasil e fora do País também”, avalia o bailarino. “Estou extremamente feliz, há seis anos não apresento nada meu aqui no Recife. Espero que isto possa ser mais recorrente. O Hermilo está sendo muito importante nisto, tanto como espaço físico como fomentador das artes cênicas, ele foi muito presente na minha trajetória”, completa. (E.B).
FOLHA DE PERNAMBUCO - Sexta, 19 de Março de 2010 | ||
Solo de dança é atração no teatro Hermilo Borba (clique aqui) | ||
“O Outro do Outro” apresenta cenografia simples e objetiva | ||
AMANDA SENA |
Do desejo de romper as fronteiras existentes entre os universos da dança e do teatro surgiu o espetáculo “O Outro do Outro”, que faz única apresentação amanhã, às 21h, no teatro Hermilo Borba Filho. O espetáculo apresenta a performance solo do pernambucano João Costa Lima, que há seis anos reside na Europa, onde estudou dança contemporânea.
Com uma cenografia simples, desapegada de grandes objetos cênicos, ou suporte de luz, o espectador é convidado a compor a cena de acordo com o que ele está vendo e com o que lhe é apresentado. Apesar de ter uma forma definida, Costa Lima afirma que o desempenho é um processo em aberto. “Nesse projeto eu estava interessado em trabalhar uma questão que faz parte do princípio do teatro e da dança, que é o encontro de uma pessoa assistindo, com a que está se apresentando”, diz o bailarino e coreógrafo, que complementa: “reconhecer o outro é muito importante. A partir daí desenvolvi uma pesquisa em torno da construção e da desconstrução da identidade e da multiplicidade de faces existentes nas pessoas”.
A montagem, que marca o retorno do artista aos palcos recifenses, tem um valor singular para ele. “Estou muito feliz em compartilhar o meu trabalho com as pessoas que eu conheço. Com a Cidade que está em mim. Essa apresentação pode trazer alguma direção interessante para se repensar o dramaturgia no Recife”, afirma.
“O Outro do Outro” estreou em São Paulo no último dia 10, e veio para Recife através de uma iniciativa do Centro Apolo Hermilo, que antecipa em primeira mão os resultados dos trabalhos apresentados na badalada Mostra de Processos Dança do Itaú Cultural. Os ingressos custam R$10 (inteira) e R$5 (meia-entrada).
Wednesday, March 10, 2010
AVANTE! - ATO PÚBLICO EM DEFESA DA TAMARINEIRA - SÁB 13 | ÁS 10H
comentário sobre a seguinte observação surgida em um grupo de email de alunos de Design da UFPE:
"a tamarineira vive em completo abandono, tornando-se desde muito tempo um depósito humano decrépito e imundo. A mudança irá revitalizar o local, valorizar o bairro, gerar emprego, impostos e renda, sem falar que existe um acordo de 50 anos onde a igreja que é dona da propriedade receberá um excelente aluguel que ajudará enormemente a manter as suas outras obras de caridade. Acredito que os doidinhos que lá vivem não serão jogados na rua, serão transferidos para outras unidades ou irão para outras entidades cuidadas pelos padres."
Deixa eu pensar, quem quiser pensa comigo, please.
Designers e não Designers,
O terreno, o financiamento ou a administração do Hospital não são privados já há longos 85 anos.
A Santa Casa já não possui poderes sobre a Tamarineira há longos 85 anos, há longos 85 anos ela é subsidiada pelo Estado, para o Estado, por nós, para nós.
Sintam-se enrolados, a divulgação da idéia de que a Tamarineira está entregue às moscas faz parte do projeto maior do interesse privado ditado de acordo com as vontades do mercado. Noções distorcidas de desenvolvimento são as primeiras a desconsiderar completamente as necessidades da comunidade. Falam de moscas quem não sabe que a Tamarineira além dos 160 leitos para pacientes internos , conta em suas três unidades de tratamento (CPTRAC – Centro de Prevenção e Tratamento de Alcoolismo; Helena Moura e Ulysses Pernambucano) com 1800 atendimentos mensais na emergência psiquiátrica.
Afora isso, quanto às questões ambientais envolvidas ou ameaçadas diante desse projeto ícone de modernidade: De que adianta falar em design sustentável se as questões ecológicas mais primárias são as primeiras a serem atiradas pela janela? Vamos falar em bom design e boa arquitetura. Vamos falar do Parque Dona Lindú. Projetado pelo grandioso Niemeyer o parque não consegue e muito me espanta que vá conseguir ainda passar de uma pocilga de concreto armado em plena costa litorânea.
Sendo pieguinhas, alguém aí tá sentindo calor? São noções vendidas e pré-concebidas de desenvolvimento, que estão sendo tão bem aceitas e importadas dos modelos econômicos nortistas há séculos, que vêm nos levando a engolir dentro e fora da nossa cidade qualquer possibilidade de verde. No momento, de que me adianta pensar em falar de soluções em design sustentável quando o shopping já estiver construído? Duas folhas de papel reciclado para enxugar as mãos nos banheiros? Privada e torneira automáticas para evitar o gasto de energia e água? Madeira sustentável nos sofás dos vãos do novo Shopping? Decoração Natalina com garrafas PET’s?
Não desmereço qualquer iniciativa em sustentabilidade, mas 6 hectares de mata preservada e reserva ambiental gritam por atenção embora dessa forma eu perca as chances de lucrar um bom dinheiro bolando algum projeto/produto sustentável pra pôr à venda na lojinha alternativa do Shopping Tamarineira (?!) (silêncio).
Vai uma água de côco? Assustador perceber que uma cidade do porte de Recife tem em sua geografia tão poucos parques de área verde e de socialização como o Sítio da Trindade, Jaqueira, Horto Dois Irmãos, 13 de Maio e por último, mas não menos importante Parque Dona Lindú. Falo por mim quando digo que uma raiva tempestiva me acomete toda vez que vejo mais uma mureta de compensados da MD ou GB a cada esquina. Me sinto num tabuleiro de W.A.R sem chances de vitória. Ponto pro concreto, pro asfalto e pra verticalização, afinal tudo isso tem muito a ver com status. Recife vai cada vez mais se encantando ingenuamente com essa perda de identidade cultural e memória arquitetônica.
Não é mesmo encantador viajar por terra ou por cinema para as grandes cidades do norte do mundo e perceber “Como são desenvolvidos!” “Quanto verde, quantos parques” “Que lindo o Central Park, Woody Allen”. Bairros góticos conservados por séculos, centros históricos pra que te quero? Recife, tão ingênua, vai se vendendo por milhares de verdinhas que tão pouco a pouco não dignificam nenhum desses mirabolantes projetos.
As propostas da administração da Tamarineira sempre se direcionaram no sentido de manter todo o espaço de uso público, as 3 unidades de saúde em funcionamento e abrir o parque da matinha ao público.
Se por hora nós até que engolimos a idéia de que junto a um shopping (embora pra mim Recife já esteja farta desses) a cidade irá ganhar DOIS MUSEUS sustentados pelo lucro do shopping (...) bom, minha desconfiança já começa daí. Quando na história desse nosso modelo econômico feroz algum empresário que se preze nega lucro de vendas pra poder financiar museu? Sinto-me subestimada quando tentam me jogar esse tipo de ladainha. Inclusive, vá lá que o terreno da Tamarineira é de fato grande (9,4 ha), mas com a boa safra de arquitetos que estão consumindo nossa cidade com grandes e bem intencionados projetos de desenvolvimento, acho difícil visualizar um projeto (que por sinal ainda não está nem acordado) que vá conseguir com compromisso:
Manter resquícios de mata, manter intacto o prédio TOMBADO, construir um estacionamento que nos cobre 5,50 por duas horas (sem querer entrar nesses méritos), e dois bons museus.
Deve ser difícil, e exaustivo na verdade, estar sempre pensando em seu umbigo, analisando e contabilizando as necessidades de uma maioria baseando-se somente na sua experiência particular de mundo. No entanto, mais difícil ainda pensar fora da caixa e perceber que além de nossas próprias vivências e necessidades existem outras emergentes e que surgem e nos acometem de prontidão inclusive, quando menos se espera.
E se algum familiar nosso necessitar de assistência médico-psiquiátrica de urgência? E no caso de famílias menos abastadas? Para onde seriam levados? Hospital da Restauração? Ou, quem sabe, pro futuro CARREFOUR da Av. 17 de Agosto pra comprar um paliativo qualquer onde antes funcionou a Casa de Saúde São José. Contabilizem as opções.
O risco fica por cada um? Pensar que isso aqui é uma selva não me conforta muito.
Abraços Tamarineiros,
Clra Simas.
Ps.: No email vai em anexo um arquivo de Word com uma coleta de materiais sobre o histórico e a condição atual da Tamarineira. Fica a dica.
Ps.2: SEM INGENUIDADE, Já não estamos na Idade Média onde a Igreja sempre representou uma entidade boa e caridosa sempre atenta às necessidades da minoria desprovida do básico e, ESPECIALMENTE, sempre cuidando tão bem de seus pacientes psiquiátricos. Salve a ironia. Dia desses vi um rapaz com uma camisa que resume pretty much everything: PEQUENAS IGREJAS, GRANDES NEGÓCIOS.
"a tamarineira vive em completo abandono, tornando-se desde muito tempo um depósito humano decrépito e imundo. A mudança irá revitalizar o local, valorizar o bairro, gerar emprego, impostos e renda, sem falar que existe um acordo de 50 anos onde a igreja que é dona da propriedade receberá um excelente aluguel que ajudará enormemente a manter as suas outras obras de caridade. Acredito que os doidinhos que lá vivem não serão jogados na rua, serão transferidos para outras unidades ou irão para outras entidades cuidadas pelos padres."
Deixa eu pensar, quem quiser pensa comigo, please.
Designers e não Designers,
O terreno, o financiamento ou a administração do Hospital não são privados já há longos 85 anos.
A Santa Casa já não possui poderes sobre a Tamarineira há longos 85 anos, há longos 85 anos ela é subsidiada pelo Estado, para o Estado, por nós, para nós.
Sintam-se enrolados, a divulgação da idéia de que a Tamarineira está entregue às moscas faz parte do projeto maior do interesse privado ditado de acordo com as vontades do mercado. Noções distorcidas de desenvolvimento são as primeiras a desconsiderar completamente as necessidades da comunidade. Falam de moscas quem não sabe que a Tamarineira além dos 160 leitos para pacientes internos , conta em suas três unidades de tratamento (CPTRAC – Centro de Prevenção e Tratamento de Alcoolismo; Helena Moura e Ulysses Pernambucano) com 1800 atendimentos mensais na emergência psiquiátrica.
Afora isso, quanto às questões ambientais envolvidas ou ameaçadas diante desse projeto ícone de modernidade: De que adianta falar em design sustentável se as questões ecológicas mais primárias são as primeiras a serem atiradas pela janela? Vamos falar em bom design e boa arquitetura. Vamos falar do Parque Dona Lindú. Projetado pelo grandioso Niemeyer o parque não consegue e muito me espanta que vá conseguir ainda passar de uma pocilga de concreto armado em plena costa litorânea.
Sendo pieguinhas, alguém aí tá sentindo calor? São noções vendidas e pré-concebidas de desenvolvimento, que estão sendo tão bem aceitas e importadas dos modelos econômicos nortistas há séculos, que vêm nos levando a engolir dentro e fora da nossa cidade qualquer possibilidade de verde. No momento, de que me adianta pensar em falar de soluções em design sustentável quando o shopping já estiver construído? Duas folhas de papel reciclado para enxugar as mãos nos banheiros? Privada e torneira automáticas para evitar o gasto de energia e água? Madeira sustentável nos sofás dos vãos do novo Shopping? Decoração Natalina com garrafas PET’s?
Não desmereço qualquer iniciativa em sustentabilidade, mas 6 hectares de mata preservada e reserva ambiental gritam por atenção embora dessa forma eu perca as chances de lucrar um bom dinheiro bolando algum projeto/produto sustentável pra pôr à venda na lojinha alternativa do Shopping Tamarineira (?!) (silêncio).
Vai uma água de côco? Assustador perceber que uma cidade do porte de Recife tem em sua geografia tão poucos parques de área verde e de socialização como o Sítio da Trindade, Jaqueira, Horto Dois Irmãos, 13 de Maio e por último, mas não menos importante Parque Dona Lindú. Falo por mim quando digo que uma raiva tempestiva me acomete toda vez que vejo mais uma mureta de compensados da MD ou GB a cada esquina. Me sinto num tabuleiro de W.A.R sem chances de vitória. Ponto pro concreto, pro asfalto e pra verticalização, afinal tudo isso tem muito a ver com status. Recife vai cada vez mais se encantando ingenuamente com essa perda de identidade cultural e memória arquitetônica.
Não é mesmo encantador viajar por terra ou por cinema para as grandes cidades do norte do mundo e perceber “Como são desenvolvidos!” “Quanto verde, quantos parques” “Que lindo o Central Park, Woody Allen”. Bairros góticos conservados por séculos, centros históricos pra que te quero? Recife, tão ingênua, vai se vendendo por milhares de verdinhas que tão pouco a pouco não dignificam nenhum desses mirabolantes projetos.
As propostas da administração da Tamarineira sempre se direcionaram no sentido de manter todo o espaço de uso público, as 3 unidades de saúde em funcionamento e abrir o parque da matinha ao público.
Se por hora nós até que engolimos a idéia de que junto a um shopping (embora pra mim Recife já esteja farta desses) a cidade irá ganhar DOIS MUSEUS sustentados pelo lucro do shopping (...) bom, minha desconfiança já começa daí. Quando na história desse nosso modelo econômico feroz algum empresário que se preze nega lucro de vendas pra poder financiar museu? Sinto-me subestimada quando tentam me jogar esse tipo de ladainha. Inclusive, vá lá que o terreno da Tamarineira é de fato grande (9,4 ha), mas com a boa safra de arquitetos que estão consumindo nossa cidade com grandes e bem intencionados projetos de desenvolvimento, acho difícil visualizar um projeto (que por sinal ainda não está nem acordado) que vá conseguir com compromisso:
Manter resquícios de mata, manter intacto o prédio TOMBADO, construir um estacionamento que nos cobre 5,50 por duas horas (sem querer entrar nesses méritos), e dois bons museus.
Deve ser difícil, e exaustivo na verdade, estar sempre pensando em seu umbigo, analisando e contabilizando as necessidades de uma maioria baseando-se somente na sua experiência particular de mundo. No entanto, mais difícil ainda pensar fora da caixa e perceber que além de nossas próprias vivências e necessidades existem outras emergentes e que surgem e nos acometem de prontidão inclusive, quando menos se espera.
E se algum familiar nosso necessitar de assistência médico-psiquiátrica de urgência? E no caso de famílias menos abastadas? Para onde seriam levados? Hospital da Restauração? Ou, quem sabe, pro futuro CARREFOUR da Av. 17 de Agosto pra comprar um paliativo qualquer onde antes funcionou a Casa de Saúde São José. Contabilizem as opções.
O risco fica por cada um? Pensar que isso aqui é uma selva não me conforta muito.
Abraços Tamarineiros,
Clra Simas.
Ps.: No email vai em anexo um arquivo de Word com uma coleta de materiais sobre o histórico e a condição atual da Tamarineira. Fica a dica.
Ps.2: SEM INGENUIDADE, Já não estamos na Idade Média onde a Igreja sempre representou uma entidade boa e caridosa sempre atenta às necessidades da minoria desprovida do básico e, ESPECIALMENTE, sempre cuidando tão bem de seus pacientes psiquiátricos. Salve a ironia. Dia desses vi um rapaz com uma camisa que resume pretty much everything: PEQUENAS IGREJAS, GRANDES NEGÓCIOS.
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