Tuesday, June 26, 2007
el continente de la impunidad
nada disso é novidade. as palavras se multiplicam a todo vapor. os números nao sao números. as pessoas deixam de ser pessoas. morremos de tudo a todo instante. sobreviver é um ato de subversao. aonde começa e termina a politica? meu avô me disse uma vez, aos gritos: "ninguém tem o direito de matar ninguém!". e de sobreviver, quem tem o direito?
respirar é algo existencial, a integridade também é? isso de nascer e morrer sabemos pouco ou quase nada. isso de matar parece que já somos mestres. estamos indo a algum lugar? quem sao as vítimas? "o ódio é criativo", só se for na poesia, meu caro filho da puta. quando é que vamos reconhecer que já basta? é preciso de mais? a quem interessa tudo isto?
nesta guerra andamos todos sem cabeça. há muito tempo. deus levou dois tiros no peito. os evangélicos gritaram aleluia. o presidente da república nao tem um dedo nem maos nem braços nem vontade. os artistas se arrastam, comendo a carne que sobra e fazendo questao de assinar tudo que vêem pela frente, com sangue. os jornalistas bebem chá nas madrugadas, conectados a internet, wirelles. os franceses bebem perrier e se preocupam em nao se esbarrar com ninguém, pardon, desolé. os portugueses preferem esperar. os espanhois assistem ao futebol e gritam olé. os japoneses nao dormem, medo dos pesadelos de hiroshima a nagasaki, ao vivo e a cores. os ethiopes dançam com os ombros e já nao comem desde sempre. os americanos, ah estes já nao existem mais, transcenderam, viraram luz!
reportagem publicada no jornal El Pais de ontem:
"En América Latina, el número de asesinatos con armas de fuego triplica la media mundial y seis de cada diez secuestros se llevan a cabo entre el Río Grande y Tierra de Fuego. La gente no sólo está harta del crimen, sino también de la impunidad. No sólo debe cuidarse de los delincuentes, sino también de la policía y los jueces que muchas veces, como en México, no combaten el crimen sino que son parte interesada en éste.
"La seguridad ciudadana se utiliza como arma electoral en América Latina. Se promete mano dura con el crimen, se persigue el aumento de las penas y se garantiza una mayor presencia policial en las calles", explica el chileno José Miguel Vivanco, director de Human Rights Watch para América Latina. "Cuando en América Latina se quiere dar más seguridad, la primera víctima son los derechos humanos. Todas las soluciones son superficiales, para la galería, pero no hay voluntad política para erradicar el problema, empezando con una policía y un sistema judicial que prediquen con el ejemplo", añade Vivanco.
Recientemente, el diario O Globo, publicó cifras escalofriantes sobre el grado de impunidad del que gozan las autoridades en Brasil. El periódico, echando mano de datos oficiales, ha comprobado que en los últimos 15 años hubo 14.000 denuncias contra autoridades políticas, pero que solamente 1.035, apenas el 7%, fueron condenadas. En lo que respecta a los delitos financieros, menos del 5% de los casos conducen a una condena. En materia de violencia, el diario expone el caso del Estado de Pernambuco, al noreste del país, donde en 2006 se registraron 4.638 asesinatos, aunque solamente 38 presuntos asesinos habían sido capturados a finales de año."
versao integral:
www.elpais.com/articulo/internacional/continente/impunidad/elpepuint/20070626elpepiint_3/Tes
Friday, June 22, 2007
depois da estréia fomos comemorar numa discoteca em montemor-o-novo (cidade pequena onde o vento faz a curva e o tempo nao existe). a dada altura fui ao banheiro. ao abrir a porta encontrei um homem completamente nú mijando em pé. ele olhou para mim e disse sem hesitar: "o que eu gosto mesmo é de liberdade!".
a mim restou-me concordar com ele.
a mim restou-me concordar com ele.
Friday, June 15, 2007
amanhã estréia:
Sand Castle
direção - Vitor Roriz
criação e interpretação - João Lima, Sofia Dias e Vitor Roriz
assistência - Marta Cerqueira
dia 16 de junho às 21h30 Black Box em Montemor-o-novo (portugal)
dia 21 de junho às 20h La Caldera em Barcelona (espanha)
involuntariamente, os meus pulmões inspiram oxigénio, o meu coração bombeia sangue e a temperatura do meu corpo normalmente permanece num nível constantemente elevado. sempre que me esforço respiro mais fundo que é habitual e sinto-me cansado; quando tenho frio os meus dentes rangem e o meu corpo treme; quando tenho calor suo; e sempre que me sinto suficientemente cansado, descanso ou durmo. se o meu estômago se contrai eu sinto as dores da fome, penso em levar comida à minha boca, onde é humedecida, mastigada e enviada para o tubo digestivo. quando sinto pressão na bexiga urino e quando os meus intestinos estão cheios defeco.
o meu corpo está organizado de forma a formar células espermáticas nos testículos, e o corpo dela a produzir células ovulares nos ovários. de tempos a tempos os nossos órgãos genitais são estimulados e copulamos. se a fertilização se seguir a este acto, seus ciclos menstruais são suspensos e forma-se um embrião no seu corpo, onde é alimentado, ao longo de uma gestação de cerca de nove meses, por intermédio de um dispositivo placentário. depois de dar à luz ao seu filho, ela separa aquele dispositivo do corpo logo a seguir ao parto; amamenta a criança e ajuda-a até que ela atinja uma fase em que pode mover-se por si própria. a medida que o tempo passa os nossos corpos sujeitam-se a algum acidente ou doença fatal, ou envelhecem e deterioram-se. então a morte termina os aspectos biológicos do nosso comportamento e os nossos cadáveres decompõem-se de acordo com as leis imutáveis da física e da química.
Friday, June 08, 2007
Tuesday, June 05, 2007
a morte do plano
"o plano é um conceito criado pelo homem com um objetivo prático: satisfazer sua necessidade de equilíbrio. o quadrado, criação abstrata, é um produto do plano. marcando arbitrariamente limites no espaço, o plano dá ao homem uma idéia inteiramente falsa e racional de sua própria realidade. daí os conceitos opostos como o alto e o baixo, o direito e o avesso, que contribuem para destruir no homem o sentimento de totalidade. é também essa a razão pela qual o homem projetou sua parte transcendente e lhe deu o nome de deus. assim ele colocou o problema de sua existência - inventando o espelho de sua própria espiritualidade.
o quadrado adquiria uma significação mágica quando o artista o considerava como portador de uma visão total do universo. mas o plano esta morto.a concepção filosófica que o homem projetava sobre ele não mais o satisfaz, assim como a idéia de um deus exterior ao homem.ao tomar consciência de que se tratava de uma poética de si mesmo projetada para o exterior, ele compreendeu ao mesmo tempo a necessidade de reintegrar essa poética como parte indivisível de sua própria pessoa.foi também essa introjeção que fez explodir o retângulo do quadro. esse retângulo em pedaços, nós o engolimos, nós o absorvemos. anteriormente, quando o artista se situava diante do retângulo, projetava-se sobre ele e nessa projeção carregava de transcendência a superfície. demolir o plano como suporte da expressão é tomar consciência da unidade como um todo vivo e orgânico. nós somos um todo e agora chegou o momento de reunir todos os fragmentos do caleidoscópio em que a idéia do homem foi quebrada, reduzida a pedaços. mergulhamos na totalidade do cosmos, vulneráveis por todos os lados: o alto e o baixo, o direito e o esquerdo, enfim o bem e o mal - todos os conceitos que se transformam.
o homem contemporâneo escapa às leis da gravitação espiritual. ele aprende a flutuar na realidade cósmica como em sua própria realidade interior. ele se sente tomado pela vertigem. as muletas que o amparavam caem longe de seus braços. ele se sente como uma criança que deve aprender a equilibrar-se para sobreviver. é a primeira experiência que começa."
lygia clark, 1983
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