Friday, May 02, 2008
era um bicho saltitante. o encontro foi casual, silencioso, e assim nos tornamos íntimos. intimamente estranhos. como sempre. ele nao teme aos enganos e os desastres vive à sua maneira, acidentalmente. nao saberia dizer o seu nome, nem teria a menor vontade de inventar um: ele nao passa de um perfeito anônimo. um oficial nada. inteiramente desintegrado, sem custo nem benefício. mais vulnerável impossível. ali, aberto, ele respira. nem pó nem fumaça. naquela via, um passo dado. bicho que era, nao tinha caráter, era só princípio, nao tinha nada. uma fronteira móvel, para espanto da geografia, uma fronteira em espiral. bicho só, apenas. bastante para si e assim quase. nenhuma terra para pisar, nenhum caminho para errar. ele se move ilimitadamente. puro desmantelo. sua voz é o verbo, num presente próprio de futuro. infinitivo. condicionalmente incondicional. oculto. bicho nao é absoluto, bicho contínuo é bicho, até que o SE exista. nenhum impasse o pode parar. saltando entre a semelhança e a descoberta, mostra os dentes e anda nú. em pele. felicidade e tristeza sao nuvens, bicho tem o céu aberto e o horizonte tao distante quanto próximo.
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