quase, e por razões desconhecidas continuamos. o que queria dizer me escapa, ter um corpo só não basta e esta voz nao me pertence. assim, invento e reinvento, desdobro e repito, caio para levantar e logo cair de novo. as perguntas aparecem e voltam a aparecer.
um sentido religioso qualquer. o sagrado-profano que todos procuramos é o mesmo, mesmo que em lugares, momentos e de formas diferentes. sinto um misto de espanto e alegria ao perceber que somos tão semelhantes e tão, tão imensamente diferentes. o que será que nos une? duvido um pouco das respostas, mas parece-me que o que nos mantém vivos é e será sempre pròximo. nossos alimentos são estes prazeres e impulsos (extra)ordinários, simples, e é na composição desta sede onde encontramos a liberdade mais íntima. é através das diferenças que toca-se àquilo que nos é mais próprio. os intervalos, as ambigüidades e contradições, as dúvidas e hesitações revelam a nossa experiência no tempo e espaço. mas... o que será que nos une?
aqui, perdido no mundo, procurando juntar as peças deste quebra-cabeças absurdo, as interrogaçoes nao param de surgir. para onde vamos? e vamos juntos, todos? alguém vai ficar pra trás? e por que? será que estamos longe demais uns dos outros? o que nos mantém vivos? o que é que nos permite continuar? que estranha força é esta que nos empurra pra frente? mesmo estando sempre à beira (do abismo, de um colapso, das guerras, da morte, da paralisia, do esquecimento, da falta de sentido total) algo nos provoca o canto e o encanto, algo nos convida para o movimento, para a construção de pontes, invisíveis ou não. loucura ou lucidez, seja lá o que este algo for, que abençoe a todos, como um vento sublime, um sopro que nos faz "EMPURRAR AS PAREDES QUE NOS CERCAM PELO LADO DE DENTRO". infinitamente.
eu, alguém, o outro. alguém, o outro, eu. o outro, eu, alguém.
e a natureza perfila o destino do mundo. entre ecos e murmúrios anônimos somos causa e consequência, agimos e reagimos ao todo que nos rodeia. não há segredos, no entanto tudo é tão misterioso.
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