a travessia nos leva. penso que ao invés de caminharmos, somos caminhados. movimento é desejo, prazer, força de vida, potência. nunca é tarde para repensar o que vem a ser dança, o que é vital. aos poucos preciso reaprender a andar, como uma criança, pé ante pé.
já não sei bem como encontrar palavras. tudo o que sinto me escapa. estou cansado, precisando parar. gostaria de compreender mais coisas sobre o mundo e as pessoas. não sei de nada, sei apenas que sou incrivelmente pequeno diante da dimensão da vida. preciso de imagens. ver torna-se necessário. surgem paisagens dilacerantes.
o olho procura, a mão se-estende, a respiração inaudível, escorre suor.
o tempo. dimensão intangível. não sei o que pensar sobre isto. sei que me aflige, que perturba meus sentidos. sempre em rotação, sinto-me por vezes esvaziado, por vezes sufocado. certas coisas se confirmam como coisas, outras descoisificam-se. como compreender um tempo novo, mais real e subjetivo, cheio de movimento? como agir de tempos em tempos, sabendo que todos os tempos convivem a um só tempo?
entre as várias realidades possíveis, na fronteira entre vegetações, sinto revolta. um grito preso, um som que anseia sair, um ato de afirmação em direção ao atual. a geografia precisa mudar. os mapas já não nos servem. o que é a realidade, senão movimento?
vejo tudo com os olhos ardendo. parte deste todo, me sinto diferente. animal arredio. desejo sentir amor antes da intolerância. cada pessoa sente como pode. o corpo ainda agüenta, adapta-se, coisifica-se ou potencializa-se. o corpo deixou de ser o que era, tic após tac. saber pra onde ir é um atalho. todas as direções são possíveis ou impossíveis, a única será o caminho.
o momento é crucial, isto é um fato. cada acontecimento urge uma despedida. mais uma vez desapego, sabor estranho, boca seca. tenho dúvidas, pergunto-me: pra onde vão os encontros quando se afastam? será que chegou a acontecer? houve toque? por onde continuar?
não me contento, dou mais alguns passos, procuro me recompor: "é ainda mais intenso, porra!"
paro, um segundo, o que há é sombra. silêncio.
as palavras escapam. distâncias intransponíveis. estranheza. muito barulho. alguma dor. está escuro. é preciso força. o sol ainda nascerá amanhã.
aos colapsos tudo muda de lugar. exercitando o desconhecido. em processo. desconstrução, imanência desmantelada, de peito aberto e fragmentado. salto mortal, cambalhota pra frente, cair de pé. presença em estilhaços. até quando? êxtase, purificação, sorrisos à toa, amém. psicodelia, nonsense e indignação. soa a guitarra elétrica. preciso de movimento.
caminhando sou caminhado.
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
1 comment:
Caminhando sou caminhada…
Acredito que há coisas e momentos qua apenas são, na simplicidade do tempo e do espaço... sem associação a especulações do nosso ser...
Post a Comment