Wednesday, December 29, 2010
Tuesday, December 28, 2010
Isto aqui é um encontro. Uma procura. Palavras em direção ao vento. Como flechas, elas vão de um lado a outro, atravessando o ar. Até se desfazerem. Até se transformarem em alguma coisa. Ou coisa alguma. Esse é o momento e já deixou de ser. Era o instante e o lugar do imprevisto. E já não sobra nada. Mas continuamos. Por que? Porque sim. Simples assim. A razão disto aqui é isto mesmo. Nada mais. Nada até que se prove o contrário. E em letras as palavras continuam. Porque isto é um encontro, uma procura. Uma busca de si mesmo. Sim. Porque o veneno é a cura. É a solidão que salva. Precisa-se dela. Como das vacinas. Sem grito nem lágrimas. E ainda que continue, e continua, ignoro a razão, a direção e o sentido. E vou. E sou. E já nem sou nem sei se serei. É possível que amanhã seja diferente. Acordar para ver. Desacreditar para ver melhor. Fechar os olhos e ouvir. Calar. Mas não. Tudo é muito, demais. Imensamente infinito. E não pára. Parece que vai para frente e recua. De um lado a outro e voltando. Um zigue-zague imperfeito. Uma confusão que é só minha. Por sua causa, só por você. Tinha que ser assim. E vai. Vai, vai vai. Ainda que nem tão longe, foi e se perdeu. Se perdeu de si. Sim. Mas continua. E não entende, e já não há mais ponto de retorno. Em passos desdobra o caminho. Olha `a volta, reconhece o que parece sempre ter estado ali. Mas não, disto já não sabemos. E continua. Estala os dedos, faz escolhas ao azar. É, acredita no azar, acha que é uma boa companhia. Certas letras desaparecem para outras aparecerem. E resiste, mesmo sem saber. Sobrevive. É, pulsando. Estala os dedos das mãos, calça os sapatos e caminha. Desta vez vai longe. Em círculos, cada vez maiores. Sem saber que a distância apenas justifica o retorno. Esquece de si. Depois se lembra, mas já não é o mesmo, e nunca seria. Mas isto nada importa. O que importa é que continua. Ainda que mudo, ainda que atordoado, perdido, sem se reconhecer, resiste. Resiste se transformando. É, não podia ser diferente. E fala uma língua que ninguém entende. Quando fala. Virulento, truculento, tremendo. Balbucia coisas horríveis, para o vento. É, parece que agora fala sozinho. Uma conversa infinita, entre perguntas sem respostas e descobertas insignificantes. Trata-se do rei nú, sorrindo. E sabe que está nú, e sabe também que sua coroa é de cortiça. Mas neste reinado manda ele. E pede um cavalo, quer mais. Quer ir e não voltar. Porque ele já entendeu que existem palavras que não existem: voltar, retornar, permanecer, entre tantas outras. `As vezes tem medo, mas gosta. Essa deliciosa vertigem. Haha, um rinoceronte que fala. Bicho que fala para si mesmo, e gosta, e continua, e resiste e não volta, vai, mais além, ainda mais. Se desfazendo. Se despedaçando. Deixando para trás aquilo que já não pode mais ser. Viver é muito perigoso. Sim.
Monday, December 06, 2010
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