Monday, October 30, 2006

democracia brasileira (tentando entender)

"(...) como a eleição do Lula marcou uma ascensão dos segmentos populares mais organizados, ela significou o protagonismo político de setores até então muito à margem da sociedade, e quando tentaram se levantar, seja no governo Vargas, no início da década de 50, seja no governo Jango, no início da década de 60, foram golpeados. mas depois, inclusive, de uma ditadura trevosa de 64 a 84, esse assunto ascensão do movimento de massas acabou tendo como corolário a eleição do Lula. novos atores, portanto, na cena política, mas que não tiveram condições - e sua liderança não quis mesmo - de radicalizar a democracia e aí começar a construir um novo modelo econômico e político no país. fica na história, creio eu, como um governo social-liberal, nos marcos gerais da hegemonia do capital financeiro, que controla o mundo dentro dos cânones do neoliberalismo, que tem como um dos seus princípios, inclusive, a desmobilização, a despolitização.(...)"

chico alencar, ex-petista e deputado federal reeleito pelo PSOL-RJ (nesta entrevista esclarecedora)

democracia brasileira


"as pessoas acreditam na verdade daquilo que, visivelmente, é crido com veemência."

nietzsche

Sunday, October 29, 2006

Indian Thriller

sunday cemetery


vou enrolar um baseado.

Saturday, October 28, 2006




vem da terra e desfaz-se no tempo. a pessoa que não existe. frustrante e tremenda. o não pelo avesso. inverso do sem fim. distante. o olhar acusa a indefinição. luz e sombra, simples assim. toda detalhes. a valsa morreu, dança é aquilo que existe. sorria, você está por toda parte.

técnica de movimento contemporâneo



"o espetáculo não é um conjunto de imagens, mas uma relação social entre pessoas, mediada por imagens."

guy debord

Thursday, October 26, 2006

Mohammed Rafi Bollywood Star

Wednesday, October 25, 2006

Tuesday, October 24, 2006

técnica de movimento contemporâneo

"os reais fora da lei devem ser pessoas honestas"
bob dylan

Monday, October 23, 2006

NUNCA MAIS

me cortarei ao fazer a barba, serei atropelado por um trator ou
cuspirei na testa de alguém do alto do meu escritório no 43° andar.

direi "te amo" sem ter certeza
economizarei as palavras "te amo"

serei trapezista, farei 3 gols numa final de copa do mundo ou
tocarei guitarra numa banda explosiva.

esquecerei quem sou
lembrarei quem sou

venderei raspadinhas da loteria pra quem não tem sorte,
venderei artigos úteis pra pessoas inúteis ou venderei coisa alguma.

exagerarei a dimensão de fatos simples
saltarei de um carro em movimento

esquecerei teu nome, fingirei que gosto da comida que você faz ou te deixarei dormindo sozinha.

pensarei que não há mais solução
deixarei de lado o que precisa ser encarado de frente

terei dúvidas de que cada dia renova tudo, deixarei de regar as plantas ou me levarei a sério demais.

confundirei liberdade com outra coisa qualquer
perderei tempo com outra coisa qualquer

tomarei remédio sem ler a bula, tentarei entender o amor ou partirei sem motivo.

nunca mais nariz sangrando, dores de cabeça ou dor de dente. nunca mais pagar impostos, descascar camarões, ligar pra embaixadas, ligar o número errado ou receber uma ligação a cobrar.

nunca é nunca.

meu cavalo e minha flor dizem basta.
ao redor, no deserto, olho pra cima e vejo novas constelações.

Sunday, October 22, 2006

sunday cemetery


vou andar de bicicleta.

Friday, October 20, 2006

dogma da arte-como-arte (fragmentos)

"palavras em arte são palavras.
letras em arte são letras.
escrever em arte é escrever.
mensagens em arte não são mensagens.
uma obra de arte não é obra.
trabalhar em arte não é trabalhar.
trabalho em arte é trabalho.
não trabalhar em arte é trabalhar.
brincar em arte não é brincar.

conhecimento em arte não é conhecimento.
aprender em arte não é aprender.
ignorância em arte é ignorância.

desaprender em arte é aprender.
sabedoria em arte não é sabedoria.
estupidez em arte é estupidez.
conscientização em arte é conscientização.
inconsciência em arte é inconsciência.

ordem em arte não é ordem.
caos em arte é caos.
simetria em arte não é simetria.
assimetria em arte é assimetria.
uma cor em arte não é uma cor.
a ausência de cor em arte não é ausência de cor.
azul em arte é azul.
vermelho em arte é vermelho.
cinzento escuro em arte não é cinzento escuro.
branco em arte é branco.

uma linha em arte não é uma linha.
uma linha sinuosa em arte é uma linha sinuosa.
um contorno em arte é um contorno.
forma em arte não é forma.
a ausência de forma da arte não é ausência de forma.
a ausência de imagem em arte é ausência de imagem.

simplicidade em arte não é simplicidade.
menos em arte não é menos.
mais em arte não é mais.
muito pouco em arte não é muito pouco.
muito grande em arte é muito grande.
demais em arte é demais.
o acaso em arte não é acaso.
o acidental em arte não é acidental.
espontaneidade em arte não é espontaneidade.
empurrar em arte é empurrar.
puxar em arte é puxar.
heroísmo em arte não é heroísmo.
ansiar em arte é ansiar.
desejar em arte é desejar.

visão em arte não é visão.
o visível em arte é visível.
o invisível em arte é invisível.
a visibilidade da arte é visível.
a invisibilidade da arte é visível.
o mistério da arte não é mistério.
o imperscrutável em arte não é imperscrutável.
o desconhecido em arte não é desconhecido.
o que ultrapassa em arte não ultrapassa.
o imediato em arte não é o imediato.
o que está atrás em arte não está atrás.
a vanguarda em arte é vanguarda.

a cosmologia da arte não é cosmologia.
a psicologia da arte não é psicologia.
a filosofia da arte não é filosofia.
a história da arte não é história.
a arte na história não é história.
o significado da arte não é significado.
a moralidade da arte não é moralidade.
a religião da arte não é religião.
a espiritualidade da arte não é espiritualidade.
humanismo em arte não é humanismo.
desumanismo em arte não é desumanismo.
dionisíaco rústico em arte é dionisíaco rústico.

a escuridão em arte não é escuridão.
luz em arte não é luz.
espaço em arte não é espaço.
tempo em arte não é tempo.

o começo da arte não é começo.
o acabamento da arte não é acabamento.
o equipamento da arte não é equipamento.
o nada da arte não é nada.
negação em arte não é negação.
o absoluto em arte é absoluto.

arte em arte é arte.
o fim da arte é arte como arte.
o fim da arte não é o fim."

por ad reinhardt

Thursday, October 19, 2006

Little Superstar


vale à pena
a travessia nos leva. penso que ao invés de caminharmos, somos caminhados. movimento é desejo, prazer, força de vida, potência. nunca é tarde para repensar o que vem a ser dança, o que é vital. aos poucos preciso reaprender a andar, como uma criança, pé ante pé.

já não sei bem como encontrar palavras. tudo o que sinto me escapa. estou cansado, precisando parar. gostaria de compreender mais coisas sobre o mundo e as pessoas. não sei de nada, sei apenas que sou incrivelmente pequeno diante da dimensão da vida. preciso de imagens. ver torna-se necessário. surgem paisagens dilacerantes.

o olho procura, a mão se-estende, a respiração inaudível, escorre suor.

o tempo. dimensão intangível. não sei o que pensar sobre isto. sei que me aflige, que perturba meus sentidos. sempre em rotação, sinto-me por vezes esvaziado, por vezes sufocado. certas coisas se confirmam como coisas, outras descoisificam-se. como compreender um tempo novo, mais real e subjetivo, cheio de movimento? como agir de tempos em tempos, sabendo que todos os tempos convivem a um só tempo?

entre as várias realidades possíveis, na fronteira entre vegetações, sinto revolta. um grito preso, um som que anseia sair, um ato de afirmação em direção ao atual. a geografia precisa mudar. os mapas já não nos servem. o que é a realidade, senão movimento?

vejo tudo com os olhos ardendo. parte deste todo, me sinto diferente. animal arredio. desejo sentir amor antes da intolerância. cada pessoa sente como pode. o corpo ainda agüenta, adapta-se, coisifica-se ou potencializa-se. o corpo deixou de ser o que era, tic após tac. saber pra onde ir é um atalho. todas as direções são possíveis ou impossíveis, a única será o caminho.

o momento é crucial, isto é um fato. cada acontecimento urge uma despedida. mais uma vez desapego, sabor estranho, boca seca. tenho dúvidas, pergunto-me: pra onde vão os encontros quando se afastam? será que chegou a acontecer? houve toque? por onde continuar?
não me contento, dou mais alguns passos, procuro me recompor: "é ainda mais intenso, porra!"

paro, um segundo, o que há é sombra. silêncio.

as palavras escapam. distâncias intransponíveis. estranheza. muito barulho. alguma dor. está escuro. é preciso força. o sol ainda nascerá amanhã.

aos colapsos tudo muda de lugar. exercitando o desconhecido. em processo. desconstrução, imanência desmantelada, de peito aberto e fragmentado. salto mortal, cambalhota pra frente, cair de pé. presença em estilhaços. até quando? êxtase, purificação, sorrisos à toa, amém. psicodelia, nonsense e indignação. soa a guitarra elétrica. preciso de movimento.

caminhando sou caminhado.

técnica de movimento contemporâneo

Wednesday, October 18, 2006

fala que eu te escuto

*s diz: já imaginou se todo mundo fosse sair de recife?
the dude diz: é triste
*s diz: num dá, né?
the dude diz: é foda
*s diz: é saber que é assim, mas não se contentar
the dude diz: mas e então? eu me afundo aqui também? sou corroído pela miséria?
*s diz: tipo, eu não estou contente com a situação, mas no meio disso tudo, o que posso fazer de melhor?

*s diz: cada um dá sua pequena contribuição de alguma forma
the dude diz: é, mas não basta
*s diz: não basta, mas tem que ser feito, porque a gente não pode fazer de conta que não é com a gente

*s diz: todo mundo se esforça pra caralho nessa cidade.
the dude diz: sobrevivência
*s diz: todo mundo tem que trabalhar com condições péssimas
the dude diz: ficar de pé aqui é foda, é preciso muita força, mas por que não anda, mesmo com toda essa força?
*s diz: a gente tem que fazer o que pode pra mudar, a gente tem que agüentar as coisas pra não surtar

*s diz: o que a gente pode fazer de fato?
the dude diz: é a pergunta que tenho me feito o tempo todo, sem parar.
*s diz: é uma coisa muito doida
the dude diz: e o pior é essa sensação de impotência, "deixa que eu deixo", as pessoas acham tudo normal.
*s diz: pois é
the dude diz: porra, acredito na individualidade e em atos pequenos
*s diz: olha... é doideira, é tudo uma teia.
the dude diz: é
*s diz: mas eu acho que os pequenos gestos valem
the dude diz: claro
*s diz: mas quando chega lá na frente, vem um cara que se fudeu a vida toda e num tá nem aí pro teu pequeno gesto
*s diz: e as coisas afundam
the dude diz: é, isso dói
*s diz: e tu começa a questionar o teu próprio gesto.
the dude diz: aqui é o lugar onde a exceção virou a regra
*s diz: é mas o que você faz pra não endoidar?
the dude diz: segue trabalhando, segue

*s diz: você tem amigos lindos, você sai, procura se dedicar a algo que gosta e tenta botar fé que algo pode mudar
the dude diz: irradiar
*s diz: porque não dá, porque não rola

the dude diz: não é só isso
*s diz: é bem mais que isso sim
the dude diz: e esse "bem mais" não existe
*s diz: existe sim

the dude diz: as pequenas ações são engolidas pelo tubarão da truculência
*s diz: certo, vai que seja, mas mesmo que tu repense tua ação tu não pode deixar de fazer
the dude diz: claro
*s diz: isso é uma atitude perante qualquer coisa na vida
the dude diz: se deixarmos de acreditar caímos no cinismo, isso nunca
*s diz: a gente tem que fazer o que pode pra mudar
the dude diz: a gente não pode deixar de fazer as coisas

Tuesday, October 17, 2006

"o teatro é um local onde somos convidados a participar num jogo de diferenciações éticas."

matt addams in www.omelhoranjo.blogspot.com


nada funciona. penico. choro sem sair do lugar. daqui ver o céu não é fácil.

Monday, October 16, 2006